(09/05/1939 - 28-11-2008)

Até sempre, Pai.*

O livro da minha vida.

Tenho um livro meio escrito...
As páginas escritas da vida, que não puderam ser apenas os rascunhos que deviam ter sido...
Os arrependimentos, as culpas, as raivas, as mágoas...
Tentativas de reatar coisas que estavam mais que rasgadas...
Querer ser fiel a princípios de outras pessoas... querer ser fiel aos meus princípios e não conseguir, por pensar que valores mais altos falavam...
Querer ser sempre a pessoa pacificadora, diplomata, serena...
Com o tempo, esses sentimentos passaram a ser lições de vidas, vistos com olhos mais longínquos.

Os capítulos dos ganhos, os das perdas... os capítulos do amor, da alegria..

Cada página escrita com uma tinta especial... de sangue e de lágrimas, de amor e gargalhadas...

Cada letra escrita com todo o sentimento que dos meus poros sai...

Cada página guardada com toda a serenidade e saudade que aos poucos se vai...

Esperando a continuação...

Esperando um fim feliz.

"Difícil não é lutar pelo que mais se quer, mas sim desistir de quem mais se ama.
Eu precisei desistir... Mas não pense que desisti por não ter mais forças para lutar...mas sim por não ter mais condicões de sofrer..."

Desabafo

O cansaço invade-me.

Os ombros pesam-me.

As costas doem-me.

Sinto os braços adormecidos

Pela impotência de mudar o mundo...

Pela falta de coragem de dizer que me desiludiram.

Quero gritar...

Dizer que me sinto magoada, usada!

Que me tentaram pôr a honra em risco!

Mas...

Mais uma vez sobrevivo.

Mais uma vez a minha voz diz que está tudo bem,

Tudo sem problemas...

Enquanto a minha voz mente....

Os meus olhos são sinceros.

Sinto-me perdida nesta vida em que teimo em pintar de cor de rosa.

Falsos!

Desonestos!

Eu sou humana!

Eu tenho sentimentos!

E eu sei quando estou a ser enganada!

Larguem-me!

Deixem-me viver serenamente!

Amo-te.
Sinto no meu ser a tua presença, a tua essencia.
Sinto nas minhas veias o teu calor, o teu pulsar.
Sinto na minha alma a dor da tua ausência
O furor das tuas carícias, a tua sede de beijar.

Amo-te.
Adoro o nosso riso, o nosso olhar
As nossas cumplicidades, o nosso gargalhar!
Os nossos despistes, o nosso voltar
A suavidade das nossas peles...
O nosso enroscar!

Contos...

Sentidos, sentires, sabores...
Toques de peles, arrepios atordoados...
Águas que crescem na boca...
Corpos que aquecem, abraçados...

Cumplicidades caladas...
Químicas raras, coincidências sincronizadas...
Contos de príncipes encantados...
E de princesas apaixonadas...